Vivian Maier foi uma fotógrafa americana com uma história de vida muito interessante. Ficou conhecida por sua série de autorretratos feitos pelas ruas de Nova York — uma mulher com uma câmera, registrando o mundo e a si mesma, sem alarde.
Inspirada por ela — e pela vontade de compreender as grandes mudanças que estamos vivendo — resolvi experimentar algo diferente: usei inteligência artificial para criar imagens com o meu rosto, inserido em cenas que lembram as da fotógrafa americana. O resultado está longe do ideal, mas me impressionaram bastante.
O que eu queria trazer aqui é que essas imagens não existiram de fato. São construções visuais baseadas em referências, estética e tecnologia. NÃO SÃO FOTOGRAFIA — embora se alimentem dela.
A fotografia, no meu entendimento, continua sendo a captura de uma fração de tempo vivido. É o registro de um instante real, feito a partir da luz.
Fotografia é experiência vivida. É o gesto que aconteceu. É o olhar que não foi fabricado.
Quando fotografo no estúdio, o que me importa é a presença verdadeira da mulher à minha frente. Com sua história, seu corpo, seu tempo.
As imagens feitas com IA são outra coisa: construções visuais. Encenações posteriores. Interessantíssimas, sim — mas diferentes. A inteligência artificial não substitui — e nem compete — com a potência de um retrato vivido.
São linguagens distintas. Que às vezes se cruzam. E que talvez, juntas, revelem novos caminhos.
Vamos ver aonde isso tudo pode nos levar?
E para complementar: 1) Sim, posso mudar de ideia. Já mudei muitas vezes. 2) Vou seguir brincando, do analógico ao "artificial". São ferramenta que me permitem falar de tudo que habita em mim ♥